quinta-feira, 29 de maio de 2008

A descoberta da doidinha

O Zé aproveitou que havia dois advogados no boteco e perguntou se era crime transar com uma mulher de 27 anos com idade mental de 10, pois pelo que sabia sexo com pessoa abaixo de 14 era estupro presumido.

O fato é que ele tinha conhecido uma moça que não batia bem da cabeça. Ela morava com o irmão e não chegava a ser totalmente feia, mas o Zé nunca pôde escolher mesmo. Ele telefonava pra ela e sempre puxava a conversa pro lado do sexo (e olha que ela só sabia do assunto o que via em novela), mas a coisa nunca vingava pois queria o Zé apenas como amigo. A coisa que ela mais falava era “a nível de”.

O irmão viajou com a família e ela convidou o Zé para jantar, só os dois. Devorado o bolo de carne, foram para a sala. Ela rechaçou todas as tentativas de aproximação, até que o Zé falou que estava cansado, tenso, que tinha que ir pra casa. Ela disse que “a nível de amizade” poderia fazer uma massagem. Foi o que bastou pro Zé tirar a roupa e deitar no tapete só de cueca. A moça era lentinha de cabeça mas tinha habilidade nas mãos. Foi massageando as costas e as pernas do Zé, até que ele virou de barriga para cima e ela fez que não viu a barraca armada.

Diante do pouco caso, e como era só amizade mesmo, o Zé pediu pra ela massagear o “amigo” dele, para relaxamento, claro! Ela encheu a mão de óleo e começou os “movimentos longitudinais”, como ele explicou tecnicamente. Em poucos minutos gozou gostoso na mão dela. A doidinha ficou surpresa, e só quando juntou as pecinhas falou pro Zé que o que ele tinha feito era "sacanage". Ele voltou para casa com uma pontinha de culpa, mas bastante satisfeito.

:: 30.04.2003 ::

terça-feira, 27 de maio de 2008

Périplo e probabilidade numa noite curitibana


Depois da trágica divulgação das notas de estatística os três decidiram por um daqueles oásis que proliferam nas redondezas das universidades, onde poderiam saborear o néctar dourado (leia +)

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Reality show daltoniano

— Oi, você vem sempre aqui no Passeio Público?
— É, de vez em quando dou umas roladas no gramado.
— Já viu o macaco que joga bosta no pessoal?
— Já, mas podemos ir lá assistir.

Depois de desviarem de umas bostas e comerem algodão doce:
— O que você faz da vida?
— Trabalho em casa de família. E você?
— Estou servindo no 20 BIB. Saio daqui a três meses. Vamos sentar aqui na grama, tá tão fresquinho...

E dá-lhe rolar na grama. Por trás das grades do zoológico, Curitiba assiste a mais um espetáculo enjaulado.

:: 28.11.2001 ::

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Minha insônia tinha hora marcada

Uma das experiências mais desagradáveis é dividir a cama com um insone. Adrenalina, dopamina ou sei lá que raio de estimulante toma conta dele toda noite antes do galo cantar. Não sei se você sabe, mas o pior insone é aquele que tenta dormir, vira na cama a noite toda, se enterra nos travesseiros e colchão achando que isso vai resolver. Some a essa lenga-lenga suspiros podres de mau hálito, roncos nos cochilos ocasionais, que acabavam por prolongar a insônia, e algumas tentativas de sexo — meu deus, de onde vinham aquelas ereções? Como se não bastasse meu mau humor habitual. Com o passar do tempo, o radinho sintonizado na AM se tornou sua companhia inseparável, e um tomento a mais para mim. Meu pesadelo começava toda noite junto com a insônia dele, e só voltei a dormir quando voltei a dormir sozinha.

:: 20.05.2003 ::

terça-feira, 20 de maio de 2008

Cartão postal

Por mais intenso que seja o clamor da carne, por mais malabarismos sexuais que nossa criatividade possa inventar, aquilo que satisfaz em nosso amor é a intimidade. De tocar e sentir cada milímetro do corpo (leia mais)

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Luciana Tayanara - O vestido da noite

Depois do episódio da sessão fotográfica e do beijo incerto, o pessoal dispensou a Luciana Tayanara e foi almoçar no restaurante da dona Maria, um barraquinho simples e especial onde tinha comida caseira feita com carinho e em quantidades suficientes para debelar ressacas homéricas. De tira-gosto pinguinhas curtidas em guaco, sassafrás, alho, butiá, enfim, remédio pra tudo que é doença.

Depois da inevitável “siesta” a cambada foi pra beira da praia esperar as amigas que viriam de Jaraguá, alemãzinhas simpáticas e cheias de amor pra dar. Fim de tarde encostou o fusquinha com três meninas (ué, não eram cinco?), aquele clima de quem-vai-ficar-com-quem, cervejas bombando no botequinho, até que desponta na paisagem o vulto da Luciana Tayanara num vestido preto de baile, descalça, vindo direto na direção dos novos amigos.

Ninguém assumiu a autoria do convite à doidinha (desconfiaram do Marquinho, empolgado com as novas possibilidades dos dentes escovados), mas ela chegou abafando, falando obscenidades (hoje eu vou transar com você, mais você), afugentando as jaraguenses. O Miguelito nem olhava pro lado, o que despertou o seguinte comentário em voz alta: “Primeiro tira foto de mim pelada na praia, depois faz de conta que não me conhece”.

Um barraco estava se armando, a doidinha começou a gritar e ameaçava tirar a roupa. O Chico, o mais ponderado, tentou uma mediação, mas tinha que se desviar dos beijos dela (nossa! você deve ser o mais pintudo!). E quanto mais ela falava menores as chances de alguém se dar bem com as alemãzinhas, e foi aí que o Zé, que não saía do lado da mais peitudinha e não queria conversa, se comoveu e entrou em ação. Pegou a surtada pelo braço e, vinte minutos depois, voltou sozinho. Não disse como resolveu, ninguém insistiu em saber, mas naquele final de semana, a partir dali, ninguém foi de ninguém.

:: 13.05.2008 :: seqüência do MCP publicado em 24 de abril

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Eles perderam a oportunidade

Não pudemos deixar de publicar o comentário genialmente criado e gentilmente cedido pela coquete Mary West, do http://deferiasnesteplaneta.blogspot.com/

Ela matou a pau, e provou que tem um ladinho bem perverso. Fica aí para o pessoal ler e comentar no final de semana:

"Se o casal Nardoni eu fosse, dava uma de Michael Jackson e sacudia uma boneca na sacada do apartamento. Só para chocar a multidão de desocupados que estavam lá embaixo."

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Semáforos, sinaleiros, faróis

Um dia me acidentei feio num cruzamento com sinaleiro. Quem bate o carro quando passa no sinal verde nunca mais acredita no governo. Depois tive meses de encheção de saco por causa da batida. Pensando bem, sinaleiro é uma coisa estúpida. Vai contra qualquer princípio de liberdade. Um mal necessário como todo o sistema viário. Pior é que estamos cheios de sinaleiros atravancando a nossa vida.

No dia do acidente eu ia para o baile de formatura de um amigo, acompanhado de uma namorada linda e toda arrumada. O filhodaputa que furou o sinal e quase matou a gente era um taxista. Caí na bobeira de agarrar o cara pela gola pra discutir. Um anjo da guarda me acalmou e sugeriu que eu olhasse ao redor. Uma dezena de táxis paravam no local. Por pouco não fui linchado.

Junto com os taxistas apareceram as testemunhas frias que eles arrumaram para resolver o problema do cretino que causou tudo. Nunca mais acreditei em justiça. E se você acha que está faltando sexo na história, saiba que a mentira que eles plantaram para dissimular a culpa do taxista foi que a namoradinha estava sentada no meu colo quando aconteceu a batida.

:: 11.07.2003 ::

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Condição

Dia desses a amiga Flávia Brito, do http://sabe-de-uma-coisa.blogspot.com/, mandou pra gente este conto que instila sensualidade. Disse que provocou comoções no blog dela. Não pudemos deixar de compartilhar. Deliciem-se.

As vezes em que me sinto mulher de forma mais notável nada têm a ver com um corpo masculino biblicamente unido ao meu. São repentes revestidos de razões insidiosas que surgem se impondo sobre as previsibilidades todas, e cuja principal prerrogativa é a maestria em transcender o banal — e, nessas horas, me sinto completa e desmedidamente mulher. Fêmea.

Nesses instantes não temo essa misteriosa condição feminina, e chego a quase compreendê-la — e, ainda que não a desvende claramente, emudeço os questionamentos e a ela me entrego, transfigurada em docilidade febril, e sinto seus assomos a me fervilharem o sangue enquanto meus olhos, fixos no espelho, acompanham a camisola de seda percorrendo meu corpo rumo ao chão em uma carícia trêmula de mãos de amante, ou quando me surpreendo a dilacerar os descabimentos e incompreensões com toda a indisciplina dos meus instintos e minhas unhas vermelho-escuras. E a sinto no simples arfar do peito, no eriçar dos pêlos, nas minhas gotas que me encharcam a roupa e deixam rastros cálidos de insensatez sob meus pés nus durante esses arroubos deliciosamente imprevisíveis.

Nesses instantes — em que me desligo, destituída de culpas ou consciências, de quaisquer premeditações e moralismos para apenas gozar a languidez dos mistérios deste sexo tão singular na intimidade do meu espírito — ignoro tudo que não seja essa feminilidade visceral e selvagem, e me deixo possuir, anônima, inteira, pelo seu despudor sacrossanto e incoercível, pela sua fúria mansa de ingenuidade diabolicamente despretensiosa. E não raciocino, e não me renego, e não me retenho: apenas sinto, ilimitada e veemente, a explosão devastadora desse estado inexplicável, causa e efeito da minha alma de mulher.

terça-feira, 13 de maio de 2008

A sagrada busca pelo orgasmo inacessível

A moça não conseguia ter orgasmos, nem sozinha. Até tratamento fez para tentar resolver o problema, sem êxito. Mas não é por isso que não ia arrumar namorado, o príncipe que decidiu lutar contra seu dragão particular.

E nessa prazerosa busca (não se tratava de frigidez, só não conseguia o bendito orgasmo), numa transa com esforço acima do normal ela sentiu uma cãibra forte na perna. O griteiro resultante fez o namorado pensar que era o tal orgasmo inatingível. Com isso ele começou a se agitar no mexe-mexe. O ridículo da cena provocou nela uma explosão de gargalhadas, e aí é que ele se empolgou mesmo.

Quando finalmente o guerreiro chegou lá, ela continuou rindo mais uns cinco minutos, mesmo com a perna semi-enrijecida rasgando de dor. Depois explicou para o namorado a verdade da situação. O príncipe, frustrado, recomendou que ela comesse muita banana.

:: 11.03.2008 ::

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Chupadinha burocrática

A gente tinha se conhecido pelo telefone por acaso. Começamos a conversar bastante, numas ligações dissimuladas e cheias de mistério. Ela se esquivava de um namorado chato que, analisando melhor, devia ser marido. Nos telefonemas ela sempre chegava no limite, mas nunca no sexo. Adorava provocar.

Marcamos um primeiro encontro e minhas expectativas estavam baixas. No final das contas ela era muito bonita, loira italiana, pele e olhos claros, lábios suculentos, seios grandes emoldurados por um decote exagerado à base de botões abertos mais do que o recomendável para moças que querem aparentar boa procedência. O combinado era só uma carona.

Carro em movimento, ela continuou a provocação. Elogiou minha boca e ficou esfregando as unhas longas nos meus lábios. Levei a conversa para o lado da safadeza e perguntei se ela estava curiosa. Ela disse que sim. Então eu disse “abra e veja”. Nada de beijos ou introduções. Ela abriu minha calça, colocou para fora e começou a acariciar.

Circulamos um pouco assim, até que parei o carro perto de onde ela disse ser sua casa. Toquei-lhe de leve nos seios, mas ela não me incentivou a continuar. Talvez sentisse culpa. Falou que tinha que ir. Uma das loiras mais lindas que conheci escapando entre meus dedos. Antes de sair deu uma chupadinha burocrática, o que seria só um começo. Desceu do carro preocupada em não ser descoberta e seguiu sem olhar para trás. Eu fiquei com a maior dor no saco e nunca mais vi aquela mulher. Ela era só provocação.

:: 11.07.2003 ::

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Mandala

Quando as sombras da noite entraram no apartamento, rastejando cômodo a cômodo, não consegui suportar a ausência dela e saí pela rua, caminhei horas com a fúria do mundo borbulhando em mim. Tanto que quase passou despercebido o olhar lúcido da menina, parecia captar minha aflição.

Simplesmente parei e olhei, não havia o que dizer. Ela me puxou pela mão, me conduziu por uma escadinha suspeita. Já dentro do quarto, inerte e ainda calado, observei meu anjo salvador se transformar numa mandala de luz. Caí de joelhos e chorei, um orgasmo espiritual. Eu estava livre, o mundo estava a salvo e, a partir daquele momento, era todo meu.

:: 01.02.2006 ::

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Luto

Morreu na semana passada Albert Hoffman, o pai no LSD (ácido lisérgico). O figura não só descobriu o barato da droga ao ingerir acidentalmente, como tomou outras vezes para confirmar se ela batia mesmo. O laboratório em que ele trabalhava lançou o "doce" em escala comercial, para tratamento de distúrbios psiquiátricos, mas o abuso dos hippies (sempre eles) forçou a retirada do produto do mercado.

Morreu aos 102 anos... depois dizem que faz mal.

Se pesquisarem no google vão descobrir que ele baseou a pesquisa num fungo que dá no centeio. Na idade média o povo comia pão de centeio embolorado, provavelmente com esse fungo. Depois viam lobisomem, bruxas voadoras, fantasmas, santas, enfim...

O link da Folha tá aí - http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u397076.shtml

Humor negro

Não é o foco do blog, a gente sabe, mas a piada é boa demais. E não deixa de ser um continho para pessoas inteligentes, e perverso pelo alto grau de humor negro. Nosso amigo diácono que contou pra gente não quer ser identificado porque acha que pode levar uma xinxada do bispo por aparecer num blogue "sem-vergonho" destes.

O velhinho andava mal da saúde. Toda manhã, no asilo, botavam um supositório nele, tamanha era a dificuldade até para engolir comprimidos.


Um dia em que ele estava ruim mesmo, um familiar entrou no quarto com uma vela para rezar, quando o velhinho falou com aquela voz fraquinha: "aceso nãããããão".

terça-feira, 6 de maio de 2008

Estratégia de fim de festa

Eram duas da madruga e nada do Zé conseguir uns amassos no bailão. Viu o Polaco agarrado com uma loirinha e foi até lá dar um tchau e ser inconveniente, como manda a etiqueta. O Polaco deu uma pausa para buscar cerveja e a tal loirinha puxou o Zé e começou a beijá-lo também (leia mais)

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Hipocrisia do erótico

A única fantasia que me sobrou irrealizada é fotografar uma mulher bonita, pelada, em poses excitantes. Não o erótico, esse é fácil. Eu quero é o vulgar, desprendido, o pornográfico. O que diferencia os dois é que no erótico não é permitido sentir prazer, artístico demais para outras sensações que não a estética. Eu quero mais. No pornográfico, o que se faz é pela safadeza, pelo tesão. Ela disse isso para o grupo, mas sei que foi dirigido a mim. Há tempos que eu era fotografada pelos olhos dela nua e provocativa. Decidi que ela me fotografaria primeiro com as mãos e depois com a objetiva. Foi o melhor de todos os meus ensaios, mas que jamais poderá ser publicado. Nem depois que eu morrer. Não é assim que eu desejo ser lembrada.

:: 14.05.2003 :: Foto German prostitute, de Julica da Costa

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Pequeno diálogo estúpido que ilustra como uma relação pode nascer fadada ao fracasso

- Estou com uma vontade de ver você, um tesão...
- Vamos sair então!
- Não posso fazer isso com ele.
- Então sai com ele, pô!
- Ah, mas não é com ele que eu quero, você sabe.
- Me explica, por favor, porque você está com o cara?
- Ah, é que ele é muito bom pra mim.


:: 01.05.2008 ::