segunda-feira, 29 de setembro de 2008

No cinema não tem problema III

O Zé chegou para a turma agitando o anúncio de jornal recortado. Estava passando A colegial que levou pau no CIne Avenida, e era proibido só para menores de 14 anos. Na cabeça deles o filme era para ser o maior pornozão.

O Cine Avenida ficava na Boca Maldita, ponto máximo de afluência da famosíssima Rua das Flores em Curitiba, num prédio histórico. Local movimentadíssimo num sábado à tarde, e como naquela época eles não tinham adquirido o traquejo da cara-de-pau, foram morrendo de vergonha de serem "flagrados". Para piorar tinha a maior fila na entrada, formada em sua maioria por adolescentes espinhentos — impressionante como as notícias corriam no boca-a-boca aquela época!

Sentaram ansiosos esperando o começo. Para esculhambar o Zé caso tivesse que ir ao banheiro, o pessoal o isolou no meio da fileira. Pelo outro lado veio chegando outra turminha, e não é que uma bonitinha senta bem do lado dele? Foi aquela tensão.

O filme começou, a historinha era engraçada, e entre os rárárá e hehehe o Zé e a mocinha começaram a roçar braços e pernas, mão pra cá e pra lá, tudo muito de leve e acidentado (lembre, éramos grandes cabaços), mas nenhuma palavra ou beijo trocados até o final do filme.

Quando entraram os letreiros e o pessoal começou a levantar na maior decepção (estão até hoje esperando as cenas pornôs) o Zé, num ímpeto, pediu o telefone da bonitinha. Em meio aos "AAAAAAAA" dos amigos ela falou o número.

No dia seguinte, na hora de ligar (atenção, naquele tempo eram só telefones fixos) caiu a ficha de que faltou uma coisinha importante chamada NOME. Como iniciar a conversa sem saber se era ela ou não? Dizer algo do tipo "oi, era você que eu estava bolinando no cinema?" Foram umas dez tentativas dias a fio, com a indefectível desligada na cara atendesse quem atendesse. Um affair que começou e terminou no cinema.

:: 29.09.2008 ::

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Fonte da juventude

Deu a fungada forte, limpou o nariz, virou para o Dórian e perguntou aonde ele tinha conseguido daquela qualidade. O Dórian não é bobo de entregar a fonte porque sabe que a Vandinha tem pata de elefante (onde pisa fode tudo).

Acabaram com a série e foram para o sinuca. Ela o deixou ganhar, pagou as bebidas, mas arrumou uma encrenca que acabou que o Dórian teve que descer o taco na cabeça de um valentão.

Vandinha deixou o Dórian em casa e pegou feliz a estrada, crente que tinha reexperimentado toda vida que proibiam a ela.

:: 17.09.2008 ::

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Ócio bom, pensamento ruim

Hoje passei o dia peladinha na cama, esfregando o pé no lençol, sentindo a textura. Com aquela preguiça de vadiagem e vontade de (leia mais)


sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Sabonetinho

Como explicar de um jeito que não fique vulgar? Um dia escutei a palavra numa boate de baixa categoria e não tive coragem de passar por leigo e perguntar. Mas fiquei encucado e, como sou curioso e não sossego enquanto não resolvo a coisa, andei perguntando para todos os amigos.

Um conhecido que faz parte de um desses grupos de apoio ao pessoal marginalizado conhece bem o dialeto da rua e me explicou: "Sabonetinho, ou sabãozinho, é quando duas moças se encontram, entrelaçam as pernas até encostarem as perseguidas e ficam se mexendo até sair uma espuminha."

Daí eu perguntei pra ele:
"Tá, e o cara fica fazendo o quê nessa hora?"
"Que cara? A moça vai lá e paga para outra moça fazer sabonetinho com ela."
"Quer dizer que lésbica também vai em puteiro?"
"Claro!"

Foi aí que eu perdi mais um fiapo da minha inocência.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Blind (f)date

Hoje um conto da Louise (aproveitando que anda meio sumida, e pra ver se ela vem aqui brigar porque a gente publicou). É bem o estilo dela, crítico, auto-crítico. Uma delícia de ler. Inveja desse cara aí, viu? Se fosse o Zé não deixava a personagem escapar desse jeito. O título foi por nossa conta.
Ela foi, ligando o f u c k off. Queria conhecê-lo, mesmo com um pé atrás, e com tesão recolhido.


Chegando no boteco, final de tarde, ela não o reconheceria, mas ele a reconheceu. Talvez pelo cabelo loiro ou pelo andar um tanto inseguro...


Cerveja gelada, papo vai, e ela, no vapor do álcool, disse que nunca havia andado de moto; num passe de mágica surgiu um segundo capacete e a jaqueta de couro.

No abraço, ela quis passar a idéia de que estava com medo, só pra agarrá-lo mais. É, ele era bem gostoso de abraçar. Daqueles troncos fortes, na medida certa.

De volta ao boteco, ele quis continuar, mas ela amarelou — a tonta. Foi pro carro pensando em como, COMO iria se despedir dele. Nem precisou pensar, ele já beijou beijando. Daqueles beijos molhados na medida certa (de novo).

Se rolou algo a mais? Não. É.

Ela pensa "ainda não". Só em sonhos daqueles fluídicos.

domingo, 14 de setembro de 2008

O jovem proxeneta

Teve a idéia por causa do inevitável jeito volúvel da namoradinha. Sabia que no fundo ela não poderia ser só dele. E juntando essa leviandade com uma beleza física impressionante, convenceu-a a se oferecer como menina de programa com namorado supervisor nos chates-emessenes-orcutes da vida.

Incrível como ela vestiu bem o papel. E fez sucesso entre os casados solitários que caçam na internet durante as tardes. Mesmo um pouco contrariada foi às vias de fato com os programas, e mesmo enojada começou a gostar. E conforme combinado dividiu os proventos com o namorado corruptor.

Ia e voltava de ônibus (guardava o dinheiro do táxi), nunca se envolveu emocionalmente, rolavam uns quatro programas vespertinos por semana. Acabaram morando juntos. E a relação de pele se transformou em paixão. Como era de se esperar ele se arrependeu e mandou ela parar. Viveriam do que?

Ela fez de conta que parou e que tinha arrumado um emprego de vendedora da Forvm. Quando ele descobriu que os programas continuavam foi dominado por um ímpeto, resolveu tudo com um empurrão que a projetou do décimo primeiro andar. Antes que a história virasse manchete de jornal ele se mudou para o Amapá.

:: 14.09.2008 ::

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A natureza conspira a favor dos bravos

Tinha uma aranha marrom entre as teclas do meu micro. Dei os primeiros toques e notei aquelas pernas finas que não deviam estar ali. Não sei se ela estava viva quando comecei a digitar, mas meus dedos saíram intactos.

Mas não é só isso. Grande parte das vezes em que decido correr e o céu está daquele escuro que afugentaria 90% dos viventes (ou seja, só os anormais sairiam para a rua), grande parte das vezes a água só despenca depois que já voltei da corrida. Tá que minhas pernadas não são tão longas, mas uma coincidência não acontece atrás da outra assim.

Odeio aranhas marrons, velho Som. E não é justo que uma tenha se enfiado bem no meu filtro de tristezas (como disse o poeta). Ela teve o que merecia. Quanto a nós, bravos, a natureza demora para dar conta.

:: 10.09.2008 :: O original era pra ser dirigido ao velho Hem, mas a publicação aqui vai em homenagem ao primo que enfrenta uma das maiores batalhas que um homem pode enfrentar. Mas ele vai sair dessa. Ele é forte, e BRAVO

terça-feira, 9 de setembro de 2008

No cinema não tem problema II

Tem coisa que só é bom mesmo fazer quando é proibido. E realizações que podem parecer banais hoje, com quatorze anos na década de oitenta representavam epopéias. Vivíamos no rescaldo da ditadura militar e do conservadorismo em que o país havia sido impregnado, por isso entrar no cinema para ver filme pornô era a glória.

O negócio era arriscado porque ninguém era bobo (ou ético) de travar a molecada já na venda do bilhete. Você comprava e na hora de entrar é que pediam documento. E se barravam, ou o moleque era cara-de-pau para revender ou ficava no prejuízo. Mas quando alguém passava (com ou sem carteirinha falsificada) formava-se uma rede de comunicação boca-a-boca, e em questão de dias todo mundo sabia que naquele cinema estava liberado.

A primeira vez do Zé foi no cine do Shopping Pinhais — o primeiro da região de Curitiba, numa cidade vizinha, e que faliu poucos anos depois (o shopping e os cinemas). Alguém descobriu que à tarde exibiam lá uns filmes pornôs e o porteiro fazia vista grossa. Valia a viagem de ônibus para chegar, aquela adrenalina na entrada — as poses e roupas para "parecer" mais velho e "enganar" o porteiro eram um show à parte, incluindo bigodinho de penugem, camisa do pai e peito estufado. Mas dentro da sala tudo era deleite e aprendizado. Sim, a turma aprendeu as coisas da vida do jeito mais distorcido.

Então, a primeira vez do Zé foi com o filme Garganta profunda (já antigão na época). Seguiram-se inúmeras "obras-primas" e ciclos diversos de salas de exibição permissivas, até que a coisa ficou tão banal que o pessoal entrava sossegado nos cines pornôs do centro. E foi perdendo a graça ao mesmo tempo em que a turma descobriu um efeito colateral das salas (além das pulgas): os "senhores discretos" que as freqüentavam com a finalidade precípua de dar umas pegadas em expectadores incautos. Ninguém assumiu que um dia tenha sido abordado, mas por via das dúvidas, todos pararam com o hábito. Aliás, quase todos, mas isso é outra história.

:: 09.09.2008 ::

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

No cinema não tem problema I

Teve aquela fase em que o grande barato do Zé e da turma era ir ao cinema no domingo e depois na lanchonete comer x-salada, batata frita e banana-split. Isso começou lá pelos 13 anos e durou até a fase em que o pessoal começou a namorar e, como é natural, mudou para cinema em casalzinho em detrimento dos amigos.

E como aquilo que é ruim eles assimilavam rápido, aprenderam, observando os mais velhos, a "fazer zona" no cinema. Sempre davam um jeito de tumultuar a sessão. Um bom começo era, bem na hora em que o filme dá a primeira baixada depois da abertura, soltar um arrotão daqueles de 12 segundos que termina seco, que de tão forte chega a dar eco. Era preciso um bom timing para acertar, mas o cinema quase desmontava depois.

Mas isso era só o começo. Quando se especializaram no assunto, começaram a chegar ao cinema na primeira sessão, assistiam ao filme meio que prestando atenção, davam um jeito de ficar para a sessão seguinte e... cada cena importante do filme era precedida de um comentário em alto e bom som: "se eu fosse o Indiana Jones dava um tiro no cara do chicote" ou "ih, olha o monstro atrás dela".

Os risinhos das meninas eram gasolina para eles, mas a zona durava até o lanterninha expulsar a cambada toda, ou pelo menos os mais salientes. A turma nem se abalava, saía do cinema na maior alegria com a sensação de dever cumprido. Daí, logo depois, na lanchonete, começava tudo de novo.

:: 05.09.2008 ::

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Perfume de mimosa

Na selva, o leão mata os filhotes da leoa (com outro) para ela voltar a ficar no cio. Então ele dá umas com ela e, enquanto isso, toma a comida que ela caça. Tudo encarado com muita naturalidade. Daí um dia o cara seduz uma MULHER de dezesseis anos e todo mundo quer ver ele na forca.

Nosso amigo, que nutria um amor episcopal pelas mulheres, viu aquela "chica muy guapa", como gostava de dizer, numa visita ao sítio de uns amigos. A casa era grande, ele circulava por ali, deu com a moça simplezinha, vestido de chita, não teve dúvida em abordar. E como a química foi intensa, eles se resolveram rápido, num vestíbulo que tinha perto da cozinha da casa.

Dia seguinte acordou todo feliz, chegou no café da manhã fazendo graça: "Alguém tá usando perfume de mimosa hoje?" E gelou quando viu a mocinha sentada à mesa, com roupas de shopping. Muito rápido ele fez a conta e reconheceu a menina que a ele tinha sido apresentada quatro anos antes, filha dos donos da casa, na época pré-adolescente. Como cresceu!

Sentou à mesa bem quieto e comeu sem levantar os olhos. A "proibida" percebeu e passou o resto do dia achando aquilo muito engraçado. Ele acabou adiantando a volta à cidade por motivos profissionais.

:: 17.02.2004 ::

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Idéias perversas para desvirtualizar um namoro à distância

— Eu quero sua pele, sentir você de verdade, nem que seja de pouquinho. Cansei desse negócio de telefone-MSN-webcam.

— Já que não dá pra viajar mesmo, acabei de ter umas idéias interessantes.

— Ai, ai... Diz!

Se masturbe pensando em mim, ejacule numa foilha de papel, dobre, ponha num envelope plástico e me mande pelo correio.

— Tá, tenho uma melhor. Tire essa calcinha que você está usando agora, que deve estar toda molhada, coloque num envelope e mande para mim.

— Está ficando mais molhada ainda. Já pensou se o pessoal do correio abre a embalagem e vê um negócio desses?

— Que eu saiba não é proibido mandar essas coisas. Nem multa deve ter.

Tenho uma idéia melhor ainda. Compre uma estatuetinha de pedra ou madeira, não pode ser muito grande mas tem que ter aquele formato fálico. Goze em cima, coloque numa caixinha e mande para mim por sedex. Daí quando você receber a calcinha e eu a estátua nos encontramos no MSN, e cada um sabe o que fazer.

Quer saber? Tenho uma mais perversa. Eu faço numa camisinha, dou nozinho, mando para você.

Hum...

Mas aí eu vou querer ver você... ahn... degustar.

Huuuuuummmmmmmmmmm!

Mas você tem que jurar que não vai fazer macumba com o que sobrar, hein?

:: 11.08.2008 ::