quarta-feira, 24 de março de 2010

Ela não lê MCP


Mas também não respira, não sente, não trepa e não ama. E note que tem um preço. Não estranhe, esta é a semana do bizarro.

Foto gentilmente cedida pela amiga Cláudia Previdi, de uma viagem a Olinda, terra da amiga e quase mãe Potyra. A propósito, nem imaginamos de quem seja a escultura em bronze. Se soubéssemos, certamente creditaríamos. Mas gostamos muito das curvas.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Quando a coincidência é demais

Tem um amigo que tem um blog que anda abandonado. O pior é que ele escreve bem, mas arrumou namoradinha, gamou, e sabe como é, tem gente que vive como se o mundo fosse acabar em foda. O cara sumiu do mapa.

As más línguas chegaram a dizer que o blog era pra pegar leitorinhas incautas. Mas isso dava um outro conto.

Para você entender melhor a continuação, vou me reportar a uma história interessante de boteco. É que toda vez que eu ia no Bar do Dante, tinha um conhecido que estava lá. TODA VEZ. O olha que eu não ia sempre lá. Mas não tinha erro, eu chegava lá e dava um alô pro cara. Das duas uma: ou era MUITA coincidência, ou o tal conhecido frequentava lá TODO SANTO DIA.

Voltando pro meu amigo quase exblogueiro (dizem que felicidade castra a inspiração), aconteceu que um dia liguei pra ele de tarde pra marcar uma botequeada (se fosse no Dante, já sabe quem estaria lá, né?). Na primeira ele atendeu, mas não pôde falar porque estava "guardando". Mais tarde liguei de novo, e ele estava guardando mais uma vez. Na terceira é que veio a associação com a história do boteco: ou era muita coincidência, ou eles ficavam lá o dia todo, vamos dizer, namorando. Casal feliz é isso, chega a emagrecer.

Mas não terminou. Dias depois, quando encontrei os pombinhos, a namorada veio justificar: PORRA, MAS VOCÊ NÃO ERRA UMA, HEIN?

:: 19.03.2010 :: Thanks, Vitão!

terça-feira, 16 de março de 2010

Chutador de macumba

Nenhum dos projetos que começo me deixam terminar. E nada de vivenciar o sucesso prometido. Toda vez que passo embaixo de um viaduto parece que vai desabar sobre mim acompanhado do caminhão pesado que sobrecarregou e fez tudo ruir. Como nas sacadas de prédios altos quando olho para baixo, em que arrepio ao pressentir minhas pernas despedaçadas no contato com o chão. Toda sacada um dia cai. E se vejo a polícia, sei que vão me parar, com ou sem motivo bloqueiam minha liberdade e se refestelam na minha presunção marginal.

O contraponto disso era quando eu andava pelas ruas e me deliciava com o próprio reflexo nas vitrines para ver como os outros me viam, meu andar, quem eu era. Esses raros momentos em que eu me reconhecia foram extirpados quando alguém que eu respeitava expressou o quanto achava aquilo ridículo. Porca hipocrisia. Agora passo pelas vitrines de olhar baixo e reprimido.

O mundo não vê o que eu vejo, você não vai entender porque naquela noite alta voltando do bar, bêbado (claro), entre urros de alegria, vi na encruzilhada uma luz fraca num amontoado de coisas. Corri feito um louco — não para o lado oposto, como era de se esperar — e chutei aquilo tudo. Ao invés de garrafa de pinga, charutos, velas, frango e farofa, meus pés revolveram brasas de piche recém aplicado no asfalto. Miopia etílica ou maldição, nunca ninguém vai saber.

Desde então toda vez que passo ao lado de uma macumba, chuto de pânico. E nada de projetos, pontes, sacadas (você sabe, tudo feito para cair), poderes públicos ou vitrines. Apenas a certeza de que umbanda, quimbanda, macumba, missa, culto, seja qual for, sei que o ritual não veio para me ajudar.

:: 14.05.2008 :: Publicado originalmente no MCP em 26.05.2008

sexta-feira, 12 de março de 2010

Pin-up

Adolescente, depois de folhear uma revista antiga coloquei na cabeça que queria virar uma pin-up. Um grande desafio depois da infância perturbada por quatro irmãos moleques. Mesmo criança eu só brincava de boneca escondida, pois sempre aparecia um na porta do quarto gritando "Coisa de menina! Coisa de menina!", e na sequência eu estava na rua jogando bola.

Depois de anos entre socos, búlicos, bolas de capotão e pipas, comecei a colocar meu projeto em prática. Na hora de tirar fotos em família eu fazia caras e bocas, aguentando que sempre um deles falava "Caramba! Faz cara normal! Você parece retardada!"

Mas eu não desistia. Época de colégio, um dia me preparei para a primeira sessão fotográfica, com direito a cinta-liga e espartilho. Meu primo, que era o fotógrafo, me ensinou o verdadeiro truque para deixar os lábios vermelhos e proeminentes. Minutos depois, com as meias esfoladas nos joelhos, lá estava eu fazendo caras e bocas para a câmera quando meu tio abriu a porta. Voltou da praia mais cedo que o esperado.

Meu priminho mais novo, de seis anos, entrou correndo e me viu só de espartilho e meias pretas, tonta de vergonha e sem saber pra que lado correr. O projeto de virar pin-up se desmanchou aos poucos toda vez que nas festas de família um pestinha apontava o dedo e falava "Olha a moça que estava pelada na casa do tio Jarbas!"

:: 28.10.2003 ::

quarta-feira, 10 de março de 2010

Flagra

Diogo Vieira, que sempre aparece por aqui como Êstase e manda no blog Vento Longínquo, a partir da longínqua Belém, brindou-nos com esse continho que "smels like teen spirit" como todos os escritos dele.

Ella é uma femme fatale, a mulher mais desejada e perigosa do curso de medicina, linda, inteligente, fria, sádica e má. Suas vitimas favoritas são os garotos virgens e desavisados, geralmente encontrados no primeiro semestre do curso, meninos que passaram os últimos três anos de suas jovens vidas apenas se masturbando, e que muitas das vezes não aprenderam sequer a beijar.

André é um garoto tremendamente tímido, ruivo de olhos negros e agudos. Mal completou dezesseis anos e acabou de mudar de cidade, a novidade da faculdade, o menino-gênio, pianista, violinista e no segundo ano de medicina. Ella encontrou naquele garoto que viveu para estudar a vitima perfeita. Encontrou o momento do bote enquanto ele tomava banho em um vestiário afastado do Campus. Sem nada dizer apareceu nua com seu corpo escultural e lhe lançando o olhar de serpente que seduzia todos os jovens incautos.

Ella pegou as partituras que estavam perto do violino e jogou no chão molhado. Quando se apossou do violino o rapaz suplicou para que o deixasse onde estava. Acataria às súplicas se ele a chupasse. E foi feito.

Em transe, quase passou despercebido quando ele tirou o violino de sua mão, e tentou esbofeteá-lo como vingança, ele segurou as mãos dela e disse “Tu não vais querer me bater”. Então ajoelhou e a fez gozar. Teve suas costas arranhadas até verter sangue. Ella suplicava para ser penetrada, e justamente quando iria acontecer a prima Paula entra no quarto em penumbra do moço tímido que nunca transou, mas que sonhava com a colega do curso de medicina. Hesitar diante da prima significaria morrer pisoteado pela família na hora do jantar. Juntou coragem ao ver o olhar assustado de Paula:
- Porra, Paula, será que eu não posso bater uma punheta sossegado?
- Toma aí tuas roupas. Olha, cara, é melhor bater punheta quando todos estão dormindo e de porta trancada. Mané!

A prima sai do quarto e André volta para a transa com Ella.

segunda-feira, 8 de março de 2010

8 de março - homenagem


Lembrem que é fonte de fibras, vitaminas, sais minerais e ferro.

Em tempo: o conto do dia tá publicado no blog da amiga VampiraDea.

terça-feira, 2 de março de 2010

Quando o moleque malcriado puxa o fio

Tui era hiperativo e traquina, a família até que compreendia. Mas uma das manias dele judiava, em particular a mãe: puxar o fio da geladeira da tomada. No dia-a-dia não incomodava tanto, era secar o aguaceiro da cozinha e acabar de descongelar, no máximo um feijãozinho perdido. Mas em noites de verão ou viagens o prejuízo era grande. De longe se sentia o cheiro de coisa estragada na cozinha.

O psicólogo não deduziu a causa, então deliberadamente os pais, um dia, pra castigar, colocaram o moleque no freezer horizontal e falaram que iam mante-lo ali até congelar. E como toda história só é contada se existe drama, esqueceram de puxar o fio.

Segundo Skinner, há mais humanidade no ato de punição do que se supõe. Mas é daquela humanidade crua, primitiva. Da patologia da permissividade até a insanidade de uma punição excessiva inconscientemente cruel a família chegou à conclusão de que tascar a mão na orelha teria sido um ato mais... sensato. Sim, Tui foi um mártir dos malcriados.


:: 02.03.2010 ::