terça-feira, 31 de maio de 2011

Reflexões sobre um macho acovardado

Desde a idade da pedra as mulheres adoram ser conquistadas, só que atualmente dispensam a pancada na cabeça. Então o "namorado imaginário" voltou e não teve coragem nem de perguntar como eu estava. Contou que andava bem e que não era mais para eu escrever no e-mail corporativo dele porque tiveram auditoria e ele achou que pode ter se comprometido. Idiota medroso, vivia me pedindo para deletar tudo que falávamos e ele guardava.

Pensei em escrever um singelo “foda-se”, mas preferi deixá-lo falando sozinho. Odeio gente medrosa, especialmente homens. Essa coisa engessada me aborrece muito, sou uma pessoa de ação. Decidi e fiz o que eu queria, não temi o ridículo, a moral e os bons costumes. Acho bem mais difícil para uma mulher (séria) tomar a decisão de putear, abrir mão da acomodação e ir em busca do prazer. Não entendo homem que se acovarda.

Cansei de correr atrás, perdeu a graça. Cheguei ao fim dessa história.

:: 31.05.2011 :: Só você sabe quem me contou essa historinha

terça-feira, 24 de maio de 2011

Chutador de portas

Sigo pelo longo corredor frio da empresa com um copo cheio na mão.  Chamam esse corredor de "rua vinte quatro horas", mas isso é piada interna de curitibano. Sigo pelo corredor tão absorto em pensamentos...

E vem você tentar me acanhar com essas teorias de um mundo melhor politicamente correto. Mesmo diante dos meus tropeços acerto bem mais que sua hipocrisia disfarçada de progressismo.

Cansado de discursos e sinais de trânsito. De religiosos e políticos não vou nem comentar, que me vêm ânsias de vômito, e a hora não está para enfiar a cara na privada.

Então você me chama de passarinho e diz que sou suave para escrever mesmo quando falo (de) merda. Pode deixar que na próxima vez escrevo uma história mais certinha.

E você que tira a alegria da minha vida, uma das poucas autênticas e palpáveis.


Sigo pelo corredor tão absorto nos pensamentos que minha mão começa involuntariamente a relaxar ao ponto de o copo escapar entre meus dedos, e se estilhaça no chão de piso cerâmico fazendo um estouro. O líquido colorido se espalha enquanto dezenas de pessoas colocam as cabeças pela janela para testemunhar a causa daquela intromissão absurda na rotina.

:: 24.05.2011 ::

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Quando o Zé conheceu a Teca IV

Coisa boa é chegar nesses churrascos de amigos com umas gostosas. O pessoal acha que tudo vai se resumir a truco, carne e cerveja, aí aparecem moças soltinhas para animar a festa. O Zé foi de fusca pegar a Teca e a Mel e chegaram no meio do churrascueca que os caras armaram de improviso na chácara do avô do Nando em Colombo.

Só que era domingão e o povo não se animou tanto, começaram a vazar logo que escureceu e terminamos os quatro na casa do Zé jogando strip-mico embalados pela cerveja e vodka sobra do churrasco. Não sei quem teve a ideia, mas foi muito boa, pois strip-poker é complicado e strip-truco demora. Obviamente o perdedor de cada rodada tirava uma peça da roupa.

Tudo muito lindo, as moças praticamente só de lingerie, os rapazes disfarçando ereções, aí a Teca começou a roubar pra não ficar pelada. A gente se distraía e ela punha uma meia de volta ou coisa parecida na maior cara de pau. Era muita falta de seriedade! Acabei me estressando com a pilantra e pra contemporizar o Zé foi com ela para o quarto matar saudade.

A Mel disse para eu não ligar, que a Teca não estava legal. Eu perguntei o motivo e ela me fez jurar que não contaria a ninguém — e o que ouvi foi cabuloso demais, até para um cara que se impressiona com quase nada na vida. Na sexta os pais da Teca voltavam de uma pequena viagem ao interior, estavam com as duas netas (filhas da Teca) no carro. Sofreram um acidente e as crianças morreram na hora. Ou seja: a Teca saiu curtir com a gente para aliviar a tristeza do luto.

Essa história eu guardei comigo, mesmo que algum tempo depois o destino tenha se encarregado de separar o Zé da Teca. Ele nunca comentou, acredito que ficou sem saber. Não importa, às vezes é melhor quando termina assim.

:: 16.05.2011::

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Quando o Zé conheceu a Teca III

A Teca não morava no apartamento que a Mel dividia com as amigas, mas ficava sempre lá, onde curtia uma liberdade que não tinha em casa. E essas moças sabiam curtir a liberdade. Tanto que uma vez meu primo mais safado, bem aquele que me ensinou as artimanhas da pegação, passou por Curitiba a trabalho, e acabei o arrastando para tomar umas no apartamento e conhecer as meninas. Ele ficou chocado com a tal "liberdade".

Naqueles dias que o Zé e a Teca romperam relações eu continuei a visitar a Mel. Passei lá num domingo de inverno para fugir do Fantástico e experienciar umas caipirinhas. A Teca estava por ali e recebeu um "amigo", um sujeito desses que têm cara de nada. Quando acabou a garrafa ficamos os quatro pela sala, a Teca e o pastel sentados no sofá, eu e a Mel num colchãozinho deitados no chão, cobertos por um edredom. Só luz da TV. A Teca, por motivos óbvios, não deixou o cara chegar, então eles ficaram jogando conversa fora, comentando o que passava na TV meio que pra disfarçar. Mas disfarçar o que?

O esforço era pra fazer de conta que não nos viam transando no chão na frente deles. Cobertos pelo edredom mas obviamente transando. E não podíamos usar o quarto porque a outra menina que morava no apartamento estava lá estudando. E não fomos para a cozinha porque estava frio. E transar ali com audiência qualificada era muito mais engraçado e gostoso.

Um tempinho depois que eu e a Mel terminamos, o pastel foi embora e nunca mais voltou. A Teca ligou naquela noite mesmo para o Zé, e no dia seguinte reataram a relação. Amigo é pra essas coisas.

:: 12.05.2011 ::

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Quando o Zé conheceu a Teca II

O Zé contou que a Teca era recém separada e tinha duas filhas pequenas. Ela morava no Xaxim com a mãe, que ajudava a cuidar das crianças. O que deixava ele chateado é não poder ir na casa dela. Aliás, não podia chegar perto. Sempre tinha que deixar a Teca a duas quadras de casa, mesmo de madrugada, porque segundo ela o ex ficava rondando e era perigoso.

A Mel, a amiga, deixou vazar pra mim que a Teca era casada ainda. Casamento em crise, mas era casada e morava com o marido. E até o Zé, em sua distração passional, desconfiou das desculpas e dos horários rígidos. Um dia eles bateram boca no fusquinha, no lugar que ele sempre se despedia dela, eram mais de onze da noite, ela desceu do carro batendo porta, ele foi atrás bravo que nem um bicho, agarrou, arrastou para o canto escuro de um arbusto e praticamente a violentou ali em pé, mas ela entrou no clima, abriu mão do horário e foram para um motelzinho barato.

Pularam na cama, ela com a roupa meio rasgada (não que a Teca usasse muita roupa), e começaram o agarra-agarra no escuro (quarto de motel barato é melhor nem ver), pegada forte, muito suor, excitação lá em cima, um creme escorrendo do meio das pernas dela... até que ela percebeu o lençol molhado demais, pior, percebeu que ambos estavam muito molhados, e acendeu a luz. O problema é que quando o Zé ficava nervoso, o aparelho digestivo saída do ponto, e aquilo de quase-estupro mexeu pesado com o emocional. Bateu uma diarréia forte e na hora do esforço pelo prazer não percebeu que se cagou todo. Aliás, cagou a Teca também.

Ela quase morreu de nojo e jurou nunca mais sair com ele. Mas amor de pica não termina fácil assim.

:: 10.05.2011 :: 

terça-feira, 10 de maio de 2011

Quando o Zé conheceu a Teca I

Toda história quando tem elementos contados por pessoas diferentes fica comprometida. Paira um ranço estranho de futrica. Mas até em jornalismo é necessário saber todos os lados. O fato é que quando o Zé conheceu a Teca depois de anos sem namorar e na seca, ficou numa alegria só. Antes de me apresentar a moça fez a maior propaganda, disse que era tipo patricinha, loira, linda! E o melhor no meu ponto de vista: tinha amigas gatas.

Então, de saída, quando o Zé marcou para eu conhecer a Teca (não sei por que sempre buscou minha aprovação) ela já levou uma amiga. E do boteco fomos pra casa da amiga, e lá todo mundo se arranjou. Muito legal, muito fácil, um pouco suspeito.

Mas a Mel era mesmo muito bacana, e como tinha liberdade, pois dividia um apartamento com amigas, a gente engatou uma amizade colorida. Sexo frequente resulta em intimidade, aí as confidências são inevitáveis. Foi assim que eu comecei a, sem querer, saber coisas da Teca que não estavam no repertório que o Zé me contava. Provavelmente ele desconhecia e, como amigo, deduzi que se soubesse estragariam a alegria que o Zé vivia no momento.

:: 10.05.2011 ::