segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Nova modalidade

Na minha família tem um cirurgião plástico que se tornou, na região dele, em algo como o rei dos implantes de silicone. Enriqueceu por isso, e como o assunto rende, acabou se tornando em alguns momentos, mesmo sendo discreto, no centro das atenções nas reuniões de família.

O patriarca, por sua vez, é um sujeito vivido e grosso, do alto dos seus oitenta e poucos. Viu muita coisa, viu gente morrer de bala e virgindade ser leiloada em casa de tolerância, e vê safadeza em tudo. Felizmente viu os filhos vingarem homens bem sucedidos, graças a sua energia e à indispensável dedicação da santa mulher com quem casou.

No natal o assunto veio de novo à baila durante a ceia, quando o filho do cirurgião, estudante de medicina, comentou da aberração que era o travesti cujos implantes caseiros de bunda despencaram pela perna e do outro que desejava 500 mililitros de silicone em cada peito. Neste caso, o pai se negou a atender o pedido, mas devido à fortuna oferecida, acabou cedendo.

Um primo falou que travestis deviam investir mais em cortar fora as trombinhas. O estudante, inteirado dos negócios, esclareceu que seria como acabar com o verdadeiro ganha-pão deles — e explicou por que. O patriarca suspirou. Então no fervor do álcool uma tia carola confessou seu espanto, pois não sabia que "esses travestis" (imagine um tom asqueroso) ganhavam tanto. O cirurgião corrigiu, explicou que quem pagava os implantes era o cafetão.

Percebi que o patriarca arregalou os olhos. Passou o resto da festa resmungando para quem quisesse ouvir: "Cafetão de travesti. É o que me faltava. Onde esse mundo vai acabar?"

:: 26.12.2011 ::

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Não é conto, desencana

Acabei de chegar da Editora InVerso, onde fizemos um balanço bem bacana das vendas do livro (a 2ª edição - pocket) depois de um ano. É interessante ver o "filhote" do ponto de vista mercadológico, como ele se saiu, qual foi a receptividade. Algumas informações interessantes:
- Foram vendidas efetivamente 510 unidades (a meta era 1.000)
- Quase metade em ações em bares, restaurantes e teatros
- Nas livrarias e bancas, as pessoas relutam em comprar o livro no formato pocket. Preferem que o livro seja GRANDE, associam tamanho a valor
- Por outro lado, nas ações o "pocket" tem um apelo mais atraente
- Foram distribuídos para imprensa, degustação etc. 238 exemplares; acha muito? não é
- Tem ainda muito livro por aí nas livrarias, fiquem ligados
- Ano que vem faremos mais palestras, workshops e ações de venda
- Esta merda deO blog não vende quase nada

Agora, convenhamos, você que lê o blog e ainda não comprou: QUE FEIO! Só quer saber de usufruir gratuitamente do talento do autor... Vai ali do lado na barra lateral e compre seu exemplar. A propósito, O NATAL TÁ AÍ: compre mais de um de cada! Já pensou que presente bacana?

E preparem-se que ano que vem tem novidade. Arrisca antecipar o que é?

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Personagem das corridas de rua

Os organizadores das corridas faziam vista grossa para ele. Cabelo e barba longos e desgrenhados, roupas molambentas, tênis velho e impróprio para longas distâncias e o cheiro que incomodava os outros competidores. Os faladores do circuito arriscavam que ele só participava porque no final da prova tinha lanchinho.

Impressionava o fato de concluir todos os trajetos invariavelmente no pelotão intermediário. Pegava o kit reposição, sentava num canto afastado e comia afoito, gritando repetidamente: "Meu lar é um bufê da esperança!"

:: 29.10.2004 ::

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

MCPmate - Fotógrafa

Ela não é só uma modelo. Ela é uma fotógrafa. E tem paixão pelo que faz. Por isso, leitor (e leitora!), a luz e o enquadramento despertam a atenção. Logo, no seu MCP, ela em cores.