sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Alopatia no tratamento do alcoolismo - Caso 2

O OUTRO LADO DA MOEDA - Um camarada encontrou o Armando na Praça Santos Andrade e, como médico nenhum consegue evitar, partiu para uma consulta informal:
“Você sabe que eu só bebo em casa, né? Diminuí quase totalmente as botequeadas.”
“É, em casa a gente acaba até bebendo menos.”
“Não é bem o meu caso. Mas sabe que acho que peguei uma alergia à cerveja daqui? Deve ser coisa da água.”
“Como assim?”
“É eu tomar umas cervejas e me dá um vermelhão, me sinto mal, formiga tudo. Como se desse ressaca na hora. Fico ruim de despencar na cama.”
“Ah, isso é sensibilidade a álcool. Pode aparecer com a idade. Não tem nada a ver com bebida da região.”
“Que nada. Dia desses fui num futebol com os amigos num sítio perto de Joinville. Depois rolou churrasco, e aí você sabe. Tomei caipira, pinga, uma cervejinha... primeiro com certo receio, e como não deu nenhum ruim, entornei o caldo. A bebida daqui é que me faz mal.”

O Armando achou melhor o amigo descobrir sozinho o estratagema.

Registre-se que o namoro do Zé com o projeto de rádio patroa não vingou.

:: 15.08.2012 ::

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Alopatia no tratamento do alcoolismo - Caso 1

Terminada a visita periódica ao ginecologista, a paciente faz um pedido:
“O doutor pode me fazer uma receita de Sarcoton?”
“É para a senhora?”
“Não, não. É que meu marido anda exagerando na bebida. Vou colocar na comida dele.”
“Mas o tratamento do alcoolismo só funciona se o paciente tiver firme propósito de parar de beber.”
“Ele não quer parar, doutor. É teimoso feito uma porta e bebe até ficar como um porco.”
“Tudo bem, vou fazer a receita. Mas a senhora tome cuidado, que se ele descobre vai lhe cobrir de porrada.”

(continua...)

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Alopatia no tratamento do alcoolismo

Lembra da época em que o Zé dividia uma república com o Armando, estudante de medicina? Um dia uma namoradinha do Zé perguntou para o Armando se ainda existia aquele medicamento Tiralcool enquanto olhava torto para o Zé entornando uns gorós excessivos no boteco.

Como o MCP também é cultura, o nome do medicamento mais comum hoje para tratar alcoolismo é Sarcoton. A bula diz: “Indicado como auxiliar no tratamento do alcoolismo crônico. Ele não é a cura para o alcoolismo; simplesmente fornece ao indivíduo um apoio ao seu desejo sincero de parar de beber. (...) A ingestão de álcool por indivíduos previamente tratados com Sarcoton (Dissulfiram), dá origem à sinais e sintomas acentuados, conhecidos como reação dissulfiram-álcool, caracterizados por: sensação de rosto quente, vermelhidão no rosto, dor de cabeça intensa, dificuldade de respirar, náusea, vômitos, suor, sede, fraqueza, vertigem, visão turva. O rubor facial é substituído por palidez, seguida de queda da pressão arterial.”

(continua)

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Me puxa pela tripinha

Era dessas pessoas que verbalizam o que passa pela cabeça, seja o que for, com naturalidade e simplicidade. Não vou copiar aqui os erros de grafia porque aprendi na faculdade com o professor Tezza que isso é opressão social. O importante é o interlocutor entender. Passou o recado, fechou o processo.

O processo que eu queria fechar era sexual. A "tripinha" não. Ela se referia à lingueta do bate-papo de uma rede social. Eu me empenhava para colocá-la numa armadilha que envolve ingredientes de excitação e curiosidade. Dizem que infalível — menos com mulheres que buscam homens com carrões e/ou terninhos.

Em tom confessional tentei extrair um fiapo da libido dela. Funcionou. Contou que tempos atrás ficou de conversa com um cara. Na primeira vez que saíram ela fez sexo oral nele, rolou no carro mesmo. Nem foi em servcar (como se diz em Curitiba), mas numa rua escura e sem movimento. Ela sabia que ele estava com pressa porque tinha que se encontrar com a noiva. Pensei que alguma conservadora a recriminaria (o piegas "não faço com os outros o que não gostaria que fizessem comigo"). Isso nem passou na cabeça dela. "Sabe por que eu fiz? Eu queria mesmo era ser chupada. Mas, ali, no carro, não dava. Ou até daria, mas era complicado de se ajeitar e não tínhamos tempo. Eu não dava nem chupava fazia uns três meses. Vi que ele estava excitado. Ele queria se aproveitar de mim e eu dele, não somos mais crianças. Não ia desperdiçar uma ereção que era pra mim. Dei o gostinho pra ele e fiquei com o gostinho dele."

Depois confessou que nunca foi a um motel sozinha. A bares sim. Falei que essa fantasia do motel eu não teria condições de realizar. Ela achou engraçado e aceitou como se fosse um convite. Percebi que por baixo da simplicidade rústica havia uma mente arguta e cínica. Puxei pela tripinha.

:: 09.08.2012 ::